quarta-feira, março 23
SuperMoon
Eram sete da manhã, entrei em casa sem acender as luzes, pisei o chão levemente, com medo de acordar o Pedrinho, mas hoje estava só. Acendi a luz do candeeiro da entrada, gostava da luz indirecta, do jogo de sombras que despertava a minha imaginação. A minha cabeça rodava pelo efeito da bebida, fintei o apartamento até chegar ao sofá e sorri satisfeito por sentir prazer na liberdade de estar sozinho. Era a minha lua cheia, e eu carregava a ânsia de que hoje iria completar-se o último ciclo. Hoje era o dia de romper as águas num gesto de solidariedade para comigo. Começo a gostar disto, de sair à noite e provocar, de ser visto, mas sair da mesma forma como cheguei, sozinho, eternizando assim apenas os bons momentos. Tudo o que a vida me fez passar, fez de mim um ser mais superficial, perdi toda a intensidade que gostava de ter nas relações. Agora acredito que a superficialidade traz mais contentamento e menos tristeza. Tomado pela sensação entusiasmante da “fumaça” fechei os olhos e deixei-me levar pelo sono, na esperança de que esta lua me fizesse acordar renovado, ou apenas acordar. Algumas horas mais tarde, respirei fundo e abri os olhos, estava na minha sala, era tarde, luz directa, janela aberta. Saí da sofá e olhei para o espelho na esperança de ver alguma mudança. Nada... pelo menos nenhuma alteração que merecesse o meu cuidado. Acordei com a mesma cara do último dia. e agora?
Subscrever:
Enviar feedback (Atom)
Sem comentários:
Enviar um comentário