sexta-feira, março 18

Lembranças...

Aquela primeira noite foi toda dedicada à lembrança de uma visão ausente e passageira. Enquanto ela talvez dormia no silêncio da almofada de alguém, eu pensava nela. Com estas e outras reflexões foi passando a noite, e já a luz da manhã penetrava o escuro da minha noite em claro. Resisti mais umas horas e o sol já ia alto quando acordei. Ela foi ainda o meu primeiro pensamento. Ao almoço pensei nela, pensei nela durante o trabalho, pensei nela a caminho de casa. Era a primeira vez que me sentia tão fortemente abalado, mas havia chegado a hora. Não podia mais cair na tentação. Nesta altura pouco mais há a fazer, sou do tipo que prefere o sentir ao pensar e nesta altura o melhor a fazer é sentir-me. Agora é altura de ficar comigo. Qualquer sombra que não seja a minha será uma assombração, qualquer respiração que não seja a própria será uma invasão. Todos os planos foram destruídos de forma natural, pois todos eles tinham, de uma maneira ou de outra, a presença dela. Resta-me acreditar que o tempo é um assassino, e que a sua finalidade é acabar com tudo e todos, dai a razão da felicidade e o tempo serem incapazes de viver em perfeita harmonia.

Será a morte um único meio de imortalizar?

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