sábado, julho 10

Uma relação comum

De mim para mim pergunto a razão. Não se tocam, não se riem, não comunicam, não fazem amor, não fazem nada, então porquê?
Sei que a solidão é um peso que muitos não aguentam, mas será isto pior do que estar sozinho? Será que não estão mais sós, assim? É o hábito. Habituaram-se a entrar em casa e a saber que o outro vem, ou já lá está.
Também se pode pensar que o outro pode ajudar, pode fazer, pode estar… mas é mentira. E é essa mentira que dia após dia o a maioria dos casamentos vão vivendo na única certeza de que nada de novo ou diferente acontece com cada um deles, porque estão à espera que seja o outro a mudar. Hão-de aprender que niguém muda nada, a não ser o próprio. Mas isso é o que vida ensina e que só se aprende vivendo. Por vezes nem essa consegue ensinar.
Deixam-se viver e vencer, até quase deixarem de existir. Só aí, só mesmo quando chegam ao ponto de roptura com eles e com o mundo se erguem lentamente na procura de uma outra identidade, pensando ser capaz de redescobrir o sol da vida que durante tanto tempo não brilhou para eles.

Será que ainda vão a tempo?

4 comentários:

  1. Escrevo palavras... Apago as palavras...
    Depois de ler estas palavras tão fáceis e tão grandes, escrevo palavras... apago palavras...
    È dificil de articular uma resposta mas aqui vai a tentativa:

    O bom de estarmos sozinhos, nós os apaixonados, é vivermos com a esperança de que vamos encontrar um Alguém que vamos querer preencher e ser preenchidos... e para sempre.. (os românticos ainda acreditam no Sempre!)
    As pessoas não mudam, nascem com uma essência que não se altera, apenas têm a subtil capacidade de se adaptarem, de se moldarem uma á outra..
    Mas este "super-poder" de se moldarem, de conquistarem, de cederem, de reconhecer erros, de pedir desculpa, de oferecer flores , de dar abraços e de fazer sorrisos só porque sim só é activado ás vezes..
    Por isso casamentos se perdem, pessoas se separam, relações se cortam..
    Por isso lamentamos que tenha sido assim e perdemos tempo ("perder" é a palavra) a reinventar o Passado e a desejar uma máquina de viajar no tempo para andar para trás e fazermos tudo diferente.
    Não é opção... infelizmente.
    Era bem mais fácil se engenhocas dessas existissem, é certo.
    A palavra "desculpa" deixaria de existir e era substituída por máquinas do tempo. Muito bom!! :)
    O pior é que passaríamos a vida a andar para trás, a corrigir erros grandes e pequeninos, em vez de aprender a crescer com eles, em vez de sofrer e percorrer a vida nas suas diferentes etapas.

    E a conversa do Casamento ficou perdida aquilo pelo meio..
    Retomando, casamentos diluem-se e perdem o sentido a toda a hora... cada vez mais.
    Culpa do egoismo que virou moda. Ser egoista tornou-se quase sinónimo de ser independente.
    Não adianta pesar culpas quando o fim é o Presente, adiantava ter pensado nisso antes do fim mas como não existem bolas de cristal nem máquinas de viajar no tempo...Melhor ter a coragem de assumir a realidade e ficar sozinho, do que viver num estado permanente de "suspensão" que nem nos deixa subir bem alto nem cair no meio do chão. Suspenso é o pior!
    Um dia talvez tudo corra melhor :) e viver com essa esperança é o principio dos sonhadores. O meu principio!
    O príncipio de uma sonhadora que nunca se casou mas que acredita, ou tenta acreditar, em príncipes encantados, daqueles que aparecem e ficam para sempre porque, simplesmente, encaixam :) (e quando não encaixam. moldam-se!)
    Afinal, "O bom de andar perdido são as coisas que encontramos pelo caminho".
    Se todas as opções que fez, se todos os erros que cometeu, se todo o arrependimento que sente, se tudo o que o faz chorar, se tudo o que o faz rir, mudasse, então, essa pessoa era uma outra que não você.
    Felizes os que têm a coragem de arriscar e de errar pois, ao menos, não vivem num estado de suspensão e com a dúvida de como teria sido se tivessem tido a coragem de o fazer.
    Adoro os seus pensamentos e o que as suas palavras me transmitem e fico feliz por ainda haverem sonhadores num mundo em que poucos se permitem sonhar!
    Bejinho,
    "Eu"

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  2. Eu arrisquei e escrevi.. escrevi tudo o que as suas palavras me despertaram.. e ainda escreveria muito mais.
    Beijinho,
    "Eu"

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  3. Cara "Eu",

    antes de mais agradecer os elogios que me oferece, julgo eu que, com a maior sinceridade...
    Eu lido bem com o facto de estar sozinho e tenho aprendido a lidar com essas etapas que fala no seu texto.
    O sentimento actual é de perda, algo que só acontece quando amamos alguém mais do que a nós próprios. Amei alguém que pensei existir apenas para se encontrar no meu caminho e salvar-me do inferno que é pensar sozinho, sem partilha...
    Mas é como diz, temos de saber seguir e passar por todos estes momentos sabendo guardar o que de melhor se passou. Acredite que os detalhes mais "estúpidos" são aqueles que guardo com mais saudade. Os seus pequenos defeitos que eu tanto adorava e que só eu conhecia. Isso é que fazia dela a minha mulher e a minha família. É isso que faz criar a intimidade e o amor entre as pessoas, algo que nas relações que falei no meu post não acontece. As pessoas no geral só gostam das coisas boas dos outros e tudo o resto têm a mania de afastar.
    Hoje olho ara trás e sei que não fui olhado (amado) da mesma forma e por isso deixei partir. Não me arrependo de nada do que perdi por lutar por esta relação, pois o bom de tudo é saber que amei alguém de verdade e fiz tudo o que estava ao meu alcance.

    Agora sigo sozinho sem medo do que vou encontrar. É tempo de ser desafiado pelo destino e de me juntar a alguém que saiba amar também as minhas coisas pequenas, que por defeito lhes chamamos defeitos.

    Tal como disse: "eu arrisquei"!

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  4. Arrisco mais uma vez! :)
    Torna-se quase impossivel não dizer nada perante palavras tão irresistiveis.
    E, novamente, entro no jogo: escrevo palavras, apago palavras.. não é fácil articular uma resposta quando sinto que muito do que escreve é semelhante ao que penso.. o sono também não ajuda..

    Amar alguém mais do que a nós próprios é um Dom e quando perdemos essa pessoa fica um vazio de saudades, de lembranças, de comparações... Dificil é acreditar que esse espaço oco poderá voltar a ser preenchido. Dificil acreditar que poderemos voltar a amar e, mais dificil ainda, dessa forma grande.
    O importante é acreditar e "ser desafiado pelo destino e de me juntar a alguém que saiba amar também as minhas coisas pequenas.
    Não são defeitos, são pormenores!
    beijinho,
    "EU"

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