sexta-feira, julho 30

Eu amo tudo o que foi,
Tudo o que já não é,
A dor que já me não dói,
A antiga e errônea fé,
O ontem que dor deixou,
O que deixou alegria
Só porque foi, e voou
E hoje é já outro dia.

quinta-feira, julho 29

Realidade...

Não sei há quanto tempo vagueio pela cidade. Nada nem niguém me espera. É o mundo monocórdico de silêncio que trago hoje comigo. Não interessa. Começo aos poucos a despedir-me desta cidade. Estes recantos têm um cheiro conhecido. Reconheço o sentir de cada odor e o prazer que me dá sentir-me em casa. Amanhã encontro provavelmente outros recantos de que passarei a gostar também. Há que matar a passividade, a inutilidade das coisas. Na outra face do espelho vão-se definindo os contornos agudos do crepúsculo. As asas frenéticas da noite batem em debandada ao ritmo preverso do desafio final. Recolho-me na realidade do costume até esgotar a capacidade de encontrar na bruma o elixir da alma. Sinto que preparo um plano de fuga, não consigo encarar a realidade!

Estranho...

Há pessoas que uma vez na nossa vida não desaparecem mais. Por muito tempo que estejamos sem as ver, uma vez reencontradas continuam tao perto como no último dia em que as vimos. E isso pode ter sido há anos!...

É incrível como uma pessoa que em tempos foi um estranho na minha vida, agora é a vida para mim!!!

sábado, julho 24

Dar...

Dar é qualquer coisa para que nem sempre estamos preparados. Falo em dar efectivemente.
Atenção, afecto, agressividade, alegria, cumplicidade, discussão, mas dar é essencial.
Achamos frequentemente que damos e não damos nada.
E é tão fácil!...Quantas vezes nem falar é preciso...só um abraço, uma mão por cima do ombro, ou um simples olhar!...
Hoje nesta semana de calor intenso, o meu conselho é dar!!!

quinta-feira, julho 22

George Bush Top 10 Moments - David Letterman Show

Wake Up Cunha!!!

Mensagem do dia!!!

Não fui feito para isto...

Não fui feito para isto, nem para aquilo nem para o outro. Estou a "sentimentalizar", a "idealizar" uma realidade, mas no fundo, a realidade é horrível! Não me parece. Não me parece que seja justo ter de aceitar tudo só porque os médicos dizem, os livros escrevem mas a mente não sente. Agora, viver é uma variante de pisar ovos... Não fui feito para isto!

End of story

Humor Negro!!!

Hard Times - Coca-Cola Commercial

quarta-feira, julho 21

Historia da moral...

...

Sento-me passados exactamente dois meses depois do meu regresso e reparo o como as minhas ideias mudaram em relação a tudo o que se tem passado na minha vida. Hoje estou mais calmo, mas nem por isso mais certo do rumo a tomar. Admito que não tem sido fácil aceitar que existem algumas etapas da vida que não conseguimos mudar, mesmo que tentemos de tudo... de tudo mesmo... No final de tudo o que conta é se as pessoas se amam ou não.

Os problemas mais do que amorosos são neste momento existenciais e de revolta para com o destino ou lá que seja o que nos comanda. Irrita-me o facto de não podermos controlar o destino. É como se tudo já tivesse escrito e ao mínimo erro não há volta a dar. Não é justo que a vida seja tão linear assim ao ponto de sermos obrigados a seguir por caminhos que não foram os planeados pela nossa mente / coração.

Não querendo revelar todas as etapas por que tenho passado desde que cheguei (até porque contado ninguém acredita), posso afirmar que ainda não cheguei a nenhuma decisão. Cheguei a conclusões, mas que não me convencem o suficiente para me fazer tomar decisões. Confuso dizes? Eu percebo!

Por aqui arranjei uma casa tão modesta quanto a minha moral. Nela passei os melhor e os piores momentos desde que cheguei. Mas sinto-me bem, é como o meu quartel general onde de refugio quando a mente pede.

Tenho andando a mandar uns CV para tentar demonstrar a alguém que não eu, que estou super motivado para trabalhar. A mim não me engano eu...

Resumindo o irreduzível, posso afirmar que ainda estou mais preocupado em me resolver interiormente do que dar os primeiros passos que muito provavelmente o meu destino me está a reservar.

Estou magoado com tudo, mas com a certeza que sairei daqui mais forte e uma pessoa melhor. Afinal de contas, neste momento estou abarrotar de tralha intelectual e por isso sem capacidade de perceber a realidade. Tudo acontece por alguma razão certo? então é porque tudo o que tem acontecido na minha vida tem um propósito... qual ainda não percebi...

Agora estou em fase de esvaziar a cabeça de todo este lixo intelectual, só assim encontrarei o silencio reconfortante e revelador de qual o próximo passo a dar.

domingo, julho 11

Moral da Historia

Procurei em varias religiões, em vários livros e até mesmo em varias mentes. A conclusão de todas é a mesma: da mesma forma que o filho pródigo que, no inicio, procura a felicidade fora de si, mas finalmente regressa ao lar interior e se reconcilia com o pai (eu verdadeiro), é igualmente conveniente que tentemos melhorar a nossa qualidade de vida exterior, mas sem viver de costas voltadas para o nosso próprio ser. Aquilo que mais tenho apreendido nos últimos anos da minha vida é que no exterior podemos encontrar prazer e dor, amor e desamor, encontros e desencontros, diversão ou solidão, mas a felicidade permanente só pode ser encontrada dentro de cada um.
Eu decididamente ainda não a encontrei a paz interior e parece que me apresso a complicar a sua busca cada vez mais, ou porque faço escolhas erradas, ou porque complico as que foram boas. Enfim, à margem de saber se a vida tem ou não um ultimo sentido, esse, o tal sentido, é aquele que decidimos dar a cada momento. Julgo ser esta a receita para atingir felicidade / liberdade. Não é uma ideia, é uma experiência que temos de viver passo a passo e tomando o que de melhor há em cada um desses passos.
No fim o privilegio será nosso, pois o esforço foi nosso também...

:)

Sei lá eu se é isto... Mais uma viagem mental sem bilhete de regresso...

até amanhã...

sábado, julho 10

Tão Natural como a Natureza

A natureza não se queixa dos maus tratos, mas exala do seu íntimo tudo quanto lhe faz mal. Construímos o mundo à custa do mal que lhe fazemos e pagamos a factura. O homem vítima de maus tratos, vai aguentando até rebentar, não fizesse ele parte dessa natureza que nos cerca! Porém há os que reagem de imediato, os que reagem à posteriori e os que simplesmente reagem para si e contra si. São estes últimos os que ficam doentes. O maus tratos reflectem-se na forma como os seus orgãos passam a funcionar.
O cérebro regista o "trauma" e a seguir processa-o invariavelmente atacando a alegria primeiro, e pouco a pouco tudo quanto coordena. Assim e segundo dizem os chineses, quem não arranja tempo para se divertir, tem que arranjar para se tratar. De nada adianta ocultar o mal estar. Pode-se enganar o próximo, mas não a natureza.

Obrigado Graça por este maravilhoso texto...

Uma relação comum

De mim para mim pergunto a razão. Não se tocam, não se riem, não comunicam, não fazem amor, não fazem nada, então porquê?
Sei que a solidão é um peso que muitos não aguentam, mas será isto pior do que estar sozinho? Será que não estão mais sós, assim? É o hábito. Habituaram-se a entrar em casa e a saber que o outro vem, ou já lá está.
Também se pode pensar que o outro pode ajudar, pode fazer, pode estar… mas é mentira. E é essa mentira que dia após dia o a maioria dos casamentos vão vivendo na única certeza de que nada de novo ou diferente acontece com cada um deles, porque estão à espera que seja o outro a mudar. Hão-de aprender que niguém muda nada, a não ser o próprio. Mas isso é o que vida ensina e que só se aprende vivendo. Por vezes nem essa consegue ensinar.
Deixam-se viver e vencer, até quase deixarem de existir. Só aí, só mesmo quando chegam ao ponto de roptura com eles e com o mundo se erguem lentamente na procura de uma outra identidade, pensando ser capaz de redescobrir o sol da vida que durante tanto tempo não brilhou para eles.

Será que ainda vão a tempo?

sexta-feira, julho 9

Uma noite em Paris

Os dias passam em Paris passam da mesma forma que em Lisboa, a espera da noite para me adormecer. De noite não sei sentir… e no escuro parece mais fácil chorar. Tropeço no que não consigo anestesiar e magoo-me porque teimo em não esquecer o que parece tão perfeito... As lágrimas, aquelas gotas pequeninas, de sabor único, caem no meu peito já dorido ainda a recuperar do desastre a que foi sejeito. Parece que afogam as palavras... Já não falam mais alto… já não se soltam só porque sim, nem, tão pouco, quando já se apertam para caber todas no silêncio.
Na tentativa de dormir, embrulho no meu pulmão bafos de esperança e de uma vida melhor… o coração nunca fica confortável. Ora o ar o parece expulsar e rebentar em mil pedaços, ora o abandona e o deixa só...
A alma balança nos vértices de um triângulo quase redondo… algo semelhante a um mundo com pontas soltas. Recorda os tempos em que pensar e sentir era equilíbrio possível. O meu coração pensa que sentir dói e sente que pensar sem razão é insulto à lógica de ser feliz.
Achava que as recordações eram suporte da eternidade e não a única maneira de eternizar o que sonhado era sempre presente.
Pensei em dias para libertar as palavras, dar espaço ao coração para crescer, acalmar, sorrir… e voltar. Os dias eram outros, não aconteceram… Hoje o tempo mudou(-me)… e eu sei que não terei palavras, mas medo do olhar desfocado a pedir um abraço… aquele que, para além de esperança, inventou esta saudade.

Memória Fotográfica Paris





Paris - Concerto The Divine Comedy

Ontem foi um dia de perder-me por Paris, de ser levado pelo acaso mesmo sem querer ir.
O que se pode dizer de Paris? O que dizer que ainda não foi dito por inúmeros escritores, pensadores e artistas?
Melhor assim, já não preciso dizer nada.
Viver o já dito e imaginar que um dia Paris foi original para alguém...

Viva a dispersão! Hoje a rainha da dispersão merecia ser coroada.
Mês e meio já passou, segui a rua ao reverso, o tempo escorreu tudo no percurso. A cidade convida e a dispersão aceita.
O tempo é quase líquido, escorre e infiltra tudo, depois deixa as suas marcas de inundação.
Quando queremos agarrar, o tempo é gasoso, intocável, cerca-nos mas não conseguimos apreende-lo.
O tempo é mesmo abstrato, a tentativa de o definir é mero exercício de dispersão.
Mas hoje, no suposto dia da coroação da dispersão, posso pensar no tempo e tentar agarrá-lo – mais uma vez.

quarta-feira, julho 7

Eu dissolvi na areia
As mágoas do meu penar
Lavei-as na lua cheia
E enxuguei-as no mar

Nas águas soltas de um rio
Lavei a minha alma cansada
E na proa de um navio
Naveguei de madrugada

Na calma do horizonte
Descansei, o meu olhar
E junto da velha fonte
Eu passei para recordar

Ao longe, a velha nora
Onde em tempos morei
E recordei o que outrora
De lágrimas eu derramei

Passei bem junto ao jardim
Que em tempos, eu plantei
Sempre à procura de mim
Da procura, eu não achei

Pensei, o tempo passou
Isso não vou mais viver
Mas a dor me acordou
Só para me fazer sofrer

E neste corpo que é meu
Eu procuro, já cansado
A criança, que cresceu
Amou, sonhou e sofreu
E se sente aprisionado.