segunda-feira, junho 28

Despedida.

Gostava de ter a lucidez de esperar para ver a hora. Gostava de sentir que a pouco mais de uns dias, que mais não eram que horas, nos íamos encontrar!
O entusiasmo começava cá dentro. Tudo mudava. Havia ritmos que só então ouvi... e chegada a hora do abraço, o ar escasseava e as palavras esvaiam-se...comigo.
O toque era sublime na subtileza de tudo dizer. Queria, queria tudo, e tão só aquele momento!
Havia tanto para dizer, para contar...no entanto as nossas bocas procuravam-se, falando de nós e por nós.
Tudo era como novo, mas sentido e desejado como há muito! A rapidez do encontro denotava uma enorme cumplicidade...de vontades, de emoções, de vivência, desejo e...medos!...

Onde estava eu? Que realidade era aquela que fazia sorrir cada um dos meus sentidos? O que era que percorria o meu corpo e não deixava descansar a minha cabeça? Quantas perguntas, quantas respostas, quanta ternura, quanta partilha...tudo compactado no espaço de umas horas!

Um aperto no peito e no estômago, faziam regressar a realidade. Querer tudo e nada, não saber o que querer. Estranho o sabor que deixava na boca aquele beijo de despedida! Fugia para não te ver e só queria estar contigo. Ficava porém mais um bocado de cada um, com o outro, que dava para saborear enquanto não chegasse de novo o momento de lucidez que marcava a hora do próximo encontro. Entretanto, víamo-nos e sentíamo-nos na ausência, persistindo em recordar a presença ausente do outro.
Ultrapassámo-nos. Deixámos que as emoções sobrepusessem a realidade...e tudo se foi diluindo numa fuga instituída. Foi um choque brutal. A realidade tudo levou com ela. Deixou-nos apeados à espera de dias e noites que trouxessem em si e só por si, a resposta para a minha partida.

Instalou-se um vazio doloroso. Recuso sentir esta ausência como uma partida.

A vida acontece quando um homem quiser e a minha vai acontecer.

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