Eram fins de tarde sublimes... Passava os dias a olhar para o relógio a espera que a hora me desse ordem de soltura. Lá ia eu então, numa correria desenfreada até aos bancos do jardim... Tenho saudades da lucidez da espera para ver a hora chegar. Gostava das explosões que o meu corpo e mente tinham sempre que nos íamos encontrar! O entusiasmo começava cá dentro. Tudo mudava. Havia sensações que só então consegui sentir... e chegada a hora do abraço, o ar escasseava e as palavras esvaiam-se...comigo. O toque era mágico na magia de tudo dizer. Queria, queria tudo, e tão só aquele momento! Havia tanto para dizer, para contar...no entanto os nossos olhos procuravam-se, falando de nós e por nós. A rapidez do encontro denotava uma enorme cumplicidade...de vontades, de emoções, de vivência, desejo e...medos!... Onde estava? Que realidade era aquela que fazia sorrir cada um dos meus sentidos? O que era que percorria o meu corpo e não deixava descansar a minha cabeça? Quantas perguntas, quantas respostas, quanta ternura, quanta partilha...tudo compactado no espaço de umas horas! Um aperto no peito e no estômago, faziam regressar a realidade. Difícil partir e ficar. Querer tudo e nada, não saber o que querer. Estranho o sabor que deixava na boca aquele beijo de despedida! Fugia para não te ver e só queria ir contigo. Ficava porém mais um bocado de cada um, com o outro, que dava para saborear enquanto não chegasse de novo o momento de lucidez que marcava a hora do próximo encontro. Entretanto, víamo-nos e sentíamo-nos na ausência, persistindo em recordar a presença ausente do outro. Agora ultrapassámo-nos. Deixámos que as emoções sobrepusessem a realidade...e tudo se foi diluindo numa fuga instituída. Foi um choque brutal. A realidade tudo levou com ela. Deixou-nos apeados à espera de dias e noites que trouxessem em si e só por si, a resposta para a nossa ida.
Instalou-se um vazio doloroso... Instalou-se um nevoeiro... instalou-se a dor...
segunda-feira, dezembro 13
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