sexta-feira, dezembro 17
quinta-feira, dezembro 16
O do costume...
Estava uma noite de puro inverno. Ele, o do costume, caminha tranquilamente na madrugada fria que se abatia sobre a velha cidade. Em seu redor tudo estava frio, escuro e sem graça. Um enorme nevoeiro caiu sobre a cidade deixando uma sensação de solidão, como se nada o separasse das trevas. Não sabe onde vai, qual é o destino, nem aonde pretende chegar. Apenas caminha em passos lentos e calculados, caminha sem saber que vai ao encontro da sua própria alma. É uma caminhada longa, será preciso redescobrir-se, reinventar-se, nascer de novo...
Passados 12 meses....
Ele, o do costume, continuava tranquilamente a pé na madrugada fria, agora, numa nova cidade. O retorno a casa é agora o destino final. De repente, ao de longe, alguém diferente parece vir a surgir do meio do nevoeiro... dava ares de uma figura simples, talvez meia perdida como ele... A memoria já lhe falhava, tal o tempo que já tinha passado desde a ultima vez que se viram. Começou a pensar no que vai dizer, no que fazer. Na tentativa de se mostrar descontraído, fingiu que não a viu. Subitamente, ao cruzarem-se, ela agarra-lhe no antebraço, puxa-o com força e aproxima o seu rosto do dele. O silencio ganha corpo e abate-se entre eles um clima de nostalgia. Os corpos aproximaram-se, os lábios colavam suavemente um no outro, mas o silencio mantinha-se sobre eles. Nada havia a dizer, os medos já não existiam, as feridas já tinham sido curadas. Subitamente, os dois ao mesmo tempo procuraram na boca a verdade do calor que o coração expelia. O mundo silenciara-se por entre a paz de tal momento. Era um beijo cheio de emoções perdidas no tempo...
Passados 3 minutos
Ele, o do costume, desperta e depara-se sozinho, numa ruela do Chiado, na mesma madrugada fria. Mesmo a sua frente, sem razão aparente, tem um livro aberto que diz: “sim, comi a língua, não quero dizer mais nada, só penso no teu encanto permanente, um encanto que talvez já não exista e isso faz de mim um viciado, um ser preso ao passado. Deixei-me ir numa dança comandada pela vontade de outra mão, não era uma dança livre, estava condenada a agir só em extremo desespero”
Passados 12 meses....
Ele, o do costume, continuava tranquilamente a pé na madrugada fria, agora, numa nova cidade. O retorno a casa é agora o destino final. De repente, ao de longe, alguém diferente parece vir a surgir do meio do nevoeiro... dava ares de uma figura simples, talvez meia perdida como ele... A memoria já lhe falhava, tal o tempo que já tinha passado desde a ultima vez que se viram. Começou a pensar no que vai dizer, no que fazer. Na tentativa de se mostrar descontraído, fingiu que não a viu. Subitamente, ao cruzarem-se, ela agarra-lhe no antebraço, puxa-o com força e aproxima o seu rosto do dele. O silencio ganha corpo e abate-se entre eles um clima de nostalgia. Os corpos aproximaram-se, os lábios colavam suavemente um no outro, mas o silencio mantinha-se sobre eles. Nada havia a dizer, os medos já não existiam, as feridas já tinham sido curadas. Subitamente, os dois ao mesmo tempo procuraram na boca a verdade do calor que o coração expelia. O mundo silenciara-se por entre a paz de tal momento. Era um beijo cheio de emoções perdidas no tempo...
Passados 3 minutos
Ele, o do costume, desperta e depara-se sozinho, numa ruela do Chiado, na mesma madrugada fria. Mesmo a sua frente, sem razão aparente, tem um livro aberto que diz: “sim, comi a língua, não quero dizer mais nada, só penso no teu encanto permanente, um encanto que talvez já não exista e isso faz de mim um viciado, um ser preso ao passado. Deixei-me ir numa dança comandada pela vontade de outra mão, não era uma dança livre, estava condenada a agir só em extremo desespero”
Principezinho
- Esta noite... Vê lá se percebes... Não venhas comigo.
- Vou! Vou! Não te quero abandonar!
- Mas há-de parecer que me dói muito... Há-de parecer que eu estou a morrer. Tem de ser assim. Não venhas ver uma coisa dessas que não vale a pena.
- Vou! Vou! Não te quero abandonar!
(...)
- Fizeste mal. Vais ter pena. Vai parecer que eu estou morto e não é verdade...
Eu continuava calado.
- Percebes?... É que é muito longe e eu não posso levar este corpo... É pesado de mais...
O Principezinho, Saint-Exupéry
- Vou! Vou! Não te quero abandonar!
- Mas há-de parecer que me dói muito... Há-de parecer que eu estou a morrer. Tem de ser assim. Não venhas ver uma coisa dessas que não vale a pena.
- Vou! Vou! Não te quero abandonar!
(...)
- Fizeste mal. Vais ter pena. Vai parecer que eu estou morto e não é verdade...
Eu continuava calado.
- Percebes?... É que é muito longe e eu não posso levar este corpo... É pesado de mais...
O Principezinho, Saint-Exupéry
terça-feira, dezembro 14
Uma noite de verão...
Sem se perceber como, no meio do silencio da noite soa uma música de fundo, suave, que com acordes de sensualidade despertava os corpos abraçados, afundados na tenda. Era uma noite típica de verão, o calor fazia-se sentir, os corpos estavam ligeiramente soados. Ainda meio adormecido ele agarra num abraço carinhoso, os seus braços são fortes, inspiram-lhe confiança, fazem-na sossegar... Depois de formar uma concha perfeita, ele começa aos poucos a acariciar a pela dela, suave como a manta de seda que os envolve. Ela aconchega-se junto a ele em sinal de resposta e liberta doces beijos na pele áspera do seu peito robusto. Parece feliz, cheira-o na busca do aroma do amor, enquanto ele se perde naqueles olhos de uma ternura sem fim, infinitos para ele, fazem-no viajar, sem sair da cama. Unem-se cada vez mais, na partilha pela alma, no desafio pela emoção... As línguas ternamente molhadas, descobrem-se lentamente... Unem as mãos, os dedos dela, longos e finos, entrelaçam-se nos dele, com firmeza, numa sólida união. O corpo frágil e feminino procura saciar a sede da saudade, ele, corresponde de forma sublime. Impera a liberdade em gestos de carinho, desamarram-se os sentidos antes despertados e envolvem-se no prazer mútuo de unir o corpo pela voz do amor.
Quimera
Secret story...
Alguém, nobre demente tal como eu, disse que a “felicidade provém do poder”... Eu estou totalmente em desacordo, o meu mundo não vive desse ideal. Em cada esquina minha, o poder é uma figura ausente. Não é esse o meu segredo. Tal como concluir que tudo o que origina fraqueza é mau... A minha maior fraqueza é o meu segredo, ele dá-me felicidade. Não será isto tudo muito contraditório? Ser feliz com a minha própria fraqueza? Não deveria eu ir em busca do meu poder?! Então porque não vou?
Enfim, mais um pensamento para me tirar o sono...
Enfim, mais um pensamento para me tirar o sono...
segunda-feira, dezembro 13
Memorias...
Eram fins de tarde sublimes... Passava os dias a olhar para o relógio a espera que a hora me desse ordem de soltura. Lá ia eu então, numa correria desenfreada até aos bancos do jardim... Tenho saudades da lucidez da espera para ver a hora chegar. Gostava das explosões que o meu corpo e mente tinham sempre que nos íamos encontrar! O entusiasmo começava cá dentro. Tudo mudava. Havia sensações que só então consegui sentir... e chegada a hora do abraço, o ar escasseava e as palavras esvaiam-se...comigo. O toque era mágico na magia de tudo dizer. Queria, queria tudo, e tão só aquele momento! Havia tanto para dizer, para contar...no entanto os nossos olhos procuravam-se, falando de nós e por nós. A rapidez do encontro denotava uma enorme cumplicidade...de vontades, de emoções, de vivência, desejo e...medos!... Onde estava? Que realidade era aquela que fazia sorrir cada um dos meus sentidos? O que era que percorria o meu corpo e não deixava descansar a minha cabeça? Quantas perguntas, quantas respostas, quanta ternura, quanta partilha...tudo compactado no espaço de umas horas! Um aperto no peito e no estômago, faziam regressar a realidade. Difícil partir e ficar. Querer tudo e nada, não saber o que querer. Estranho o sabor que deixava na boca aquele beijo de despedida! Fugia para não te ver e só queria ir contigo. Ficava porém mais um bocado de cada um, com o outro, que dava para saborear enquanto não chegasse de novo o momento de lucidez que marcava a hora do próximo encontro. Entretanto, víamo-nos e sentíamo-nos na ausência, persistindo em recordar a presença ausente do outro. Agora ultrapassámo-nos. Deixámos que as emoções sobrepusessem a realidade...e tudo se foi diluindo numa fuga instituída. Foi um choque brutal. A realidade tudo levou com ela. Deixou-nos apeados à espera de dias e noites que trouxessem em si e só por si, a resposta para a nossa ida.
Instalou-se um vazio doloroso... Instalou-se um nevoeiro... instalou-se a dor...
Instalou-se um vazio doloroso... Instalou-se um nevoeiro... instalou-se a dor...
Sofrimento...
Como não falar dela sem uma lágrima derramar? Foi com ela que cometi o meu grande primeiro erro, apaixonei-me... Como é que me passou pela cabeça cair em tão desgraçado erro. É lógico que o amor está sempre destinado a ter um fim dramático, mas então, porque me apaixonar. É estúpido começar algo que sabemos que vai ter de acabar. É bonito estes contrastes que a vida nos dá, amar implica sempre sofrer. Mas então porque amamos? Como é possível que a minha vida possa ser menos importante que o rosto de alguém? Sou e sempre serei um viajante. Irei eternamente carregar comigo os que amo.
O tempo...
"O tempo não sabe nada
O tempo não tem razão
O tempo nunca existiu
É da nossa invenção
O espaço tem o volume
Da imaginação
Além do nosso horizonte
Existe outra dimensão
O espaço foi construído sem princípio nem fim
Meu amor tu cabes dentro de mim
Se abandonarmos as horas para nos sentirmos sós
Meu amor o tempo somos nós"
O tempo não tem razão
O tempo nunca existiu
É da nossa invenção
O espaço tem o volume
Da imaginação
Além do nosso horizonte
Existe outra dimensão
O espaço foi construído sem princípio nem fim
Meu amor tu cabes dentro de mim
Se abandonarmos as horas para nos sentirmos sós
Meu amor o tempo somos nós"
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