A primeira ideia foi fugir. É sempre mais fácil fugir do que encarar os problemas de frente, olhos nos olhos. Nunca soube lidar bem com a critica nem com a forma frontal e aberta que os meus defeitos são expostos.
Hoje olho para trás e vejo que embarquei numa viagem sem destino, sem rumo definido e por isso sem peso nas costas. O que acontecer será puro e verdadeiro, será o que deus quiser.
Aqui fica a ultima pagina das memórias do Fernando Passas Cunha, a primeira das minhas...
As ruas da cidade, habitualmente pouco iluminadas, apresentavam um céu cheio de estrelas ao alcance de quem as quisesse apanhar. Dum lado e do outro da estrada , casas velhas com marcas da guerra criam um ambiente triste a assustador a quem chega pela primeira vez. Vindos dos arredores do mundo, como eu, chegavam forasteiros vestidos com boas roupas e cores garridas. A primeira imagem foi a de um negro, vestido de mulher, enrolado em panos, a puxar a mão de uma criança e dar-lhe uma palmada na cara. Estavam à porta do aeroporto a pedir esmola e, as constantes recusas deixaram vincado na boca deles um gesto de amargura. Os olhos da criança que chorava de dor da valente palmada que tinha levado, ficavam pregados a todos os movimentos que os forasteiros fazem ao sair do aeroporto. Os olhos da pequena criança ainda numa expressão de dor, focavam tudo o que podiam As mulheres apregoam morangos, amendoins, bolos salpicados com lama e peixe seco, tão seco que parecem pevides salgadas gigantes.
Os forasteiros como eu fingem não ouvir, é como se elas estivesses sozinhas a gritar no meio daquela gente toda. Então o pequeno que tinha sido esbofeteado, para quem a recusa era habitual, levantou-se passou a correr por um dos forasteiros que vinha a falar ao telemóvel e com muita arte e perícia levou-lhe o aparelho...
to be continued...
quarta-feira, abril 21
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