Acho que começo a gostar disto! O Lubango é uma cidade tipicamente Angola. É a segunda maior a nível populacional, tem um milhão e duzentos mil habitantes. Esta, como a maioria das cidades que já conheci, é povoada de vendedoras de fruta, peixes e legumes, que descem à cidade vindos dos mercados, com alguidares na cabeça recheados de suculentas mangas, ananases ou carapaus (estes não tão suculentos). Todos estes vendedores são geralmente afáveis e humildes, sem assediarem demasiado os passantes, apenas não gostam que lhes tirem fotografias, por medo de represálias por parte da polícia, que passa o dia a persegui-los de um lado para o outro. Só as vendedoras de frutas e legumes beneficiam de alguma tolerância e condescendência.Milhares de desempregados encontram na venda ambulante uma solução de recursos para os seus problemas de sobrevivência. Estão, na sua maioria, ao serviço de comerciantes libaneses, indianos e chineses, que os abastecem a partir dos seus armazéns. Tudo se vende e tudo se compra: cabides de plástico ou de madeira, malas com as ferramentas mais diversas, acessórios de automóveis, bicicletas para criança, isqueiros para o fogão, sapatos desportivos, jornais e revistas, tapetes, candeeiros de quarto, tábuas de passar a ferro, malas de viagem e os inevitáveis relógios e óculos de sol.Apesar de estarmos num dos países mais pobres do mundo, ninguém se surpreende com os modelos topo de gama que circulam no Lubango: dos Porsche, Mercedes e BMW, aos novíssimos Hummer e jipes japoneses importados directamente do Dubai por 50 mil dólares (é o caso do meu sócio). Por força do afluxo de capitais decorrente das vendas de petróleo e diamantes, o Lubango é também uma cidade estupidamente cara - ao nível de Lunada -.Mas o mais impressionante para o viajante que aterra no Lubango, é a extensão a perder de vista dos bairros de musseques nos arredores da cidade. Este mar de favelas foi crescendo desordenadamente e sem o mínimo de condições durante os anos de guerra, à medida que as populações do interior procuravam refúgio dos combates e da fome. Hoje, a maioria dos habitantes que vive no Lubango são jovens sem qualquer tipo de raízes nas províncias de origem dos seus pais e avós.No que diz respeito aos transportes, a cidade é dominada pelos chamados "candongueiros", carrinhas Hiace de cor azul e branca, com condutores que correm como loucos pelas ruas, servindo os bairros periféricos.As ultrapassagens fazem-se tanto pela esquerda, como pela direita e por todos os espaços que existam. Outro desafio é o de evitar pôr "a pata na poça" dos esgotos a céu aberto que correm nalguns passeios ou conseguir traçar o seu caminho no dédalo de carros estacionados em cima do passeio, evitando as crateras causadas pela degradação dos mesmos ou a ausência de tampas nos buracos de esgoto.Ainda não deu para conhecer tudo, mas a primeira impressão é boa. Não existe o perigo e a confusão que se vive em Luanda e as pessoas são mais simpáticas. Para já ainda estou a viver em casa do meu Pai, aqui as coisas andam um pouco mais devagar… bem… muito mais devagar.
Sem comentários:
Enviar um comentário