São mais ou menos 1100 Km que separam o Lubango de Luanda. 1100 km de montes, vales, praias, animais, ruínas e muita natureza. A viagem tinha um propósito, a vinda de sua santidade o Papa a Luanda. O Lubango organizou uma comitiva grande; eram 5 camionetas e alguns 30 carros. Eu ia no do meu amigo e sócio Vigilio Tyova juntamente com o Bispo do Lubango e a Directora Regional da Cultura. Durante a viagem falamos inevitavelmente sobre a vinda do Papa a Angola. Vive-se um clima de muita euforia e esperança, mas com alguns contra censos. A cidade ficou mais bonita para receber tão nobre personalidade, mas tal como nas campanhas politicas, só foi melhorada nas zonas onde irá passar a sua santidade. A conversa começou por ai, eu disse ao Bispo que se o Papa visitasse Angola de mês a mês que o pais já estava reconstruído há muito tempo. Ele sorriu mas não riu, mas eu consegui perceber a mensagem. Como a viagem ia durar 20h de carro achei por bem ficar calado, não queria gerar algum clima de tensão numa comitiva que ia cheia de fé e esperança.
A viagem foi genial. As paisagens são incríveis e algumas delas indescritíveis. Alguns lugares só o silencio consegue descrever aquilo que eu sentia enquanto cruzávamos o pais de sul a norte. Ainda são notórias as marcas de guerra na conquista da liberdade, mas o que mais me impressiona é tristeza escondida por detrás dos olhos da população. Nesta longa viagem reflecti muito sobre a minha vida revendo-me na pele de quem por cá ficou e sofreu as marcas da guerra. A conclusão é que não devemos apegar-nos demasiado às pessoas nem às leis. Cada um de nós deve ter um conceito livre de liberdade e não deixar que nos imponham limites porque corremos o risco de passar a vida toda agarrados a eles e quando os perdemos ficamos também sem uma parte de nós....
Força Angola!




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