"O drama, diz Freud, é uma forma de tornar acessíveis fontes de prazer ou satisfação na nossa vida emocional, grande parte das quais é de outra forma inacessível. Assistir a uma peça faz para os adultos o que brincar faz para as crianças. O dramaturgo e
ator permitem que os adultos o façam levando-os a se identificarem com um herói. Como o drama tantas vezes ocupa-se do sofrimento, o prazer do espectador deriva-se de uma dupla ilusão: primeiro, que é outro e não ele que está representando e sofrendo no palco, e em segundo lugar, porque se trata, afinal, de apenas um jogo, que não pode representar perigo para sua segurança pessoa. Contudo, os conflitos retratados no palco devem estar dentro do âmbito da experiência do espectador. Por isso, se o sofrimento no palco torna-se intenso demais, o espectador deve ser muito neurótico para sentir prazer com isso. Assim, há um entre-jogo entre o autor e a audiência, da mesma forma que nos chistes.
Conclui Freud: “Em geral, pode-se talvez dizer que somente a instabilidade neurótica do público e a habilidade do dramaturgo em evitar resistências e oferecer satisfações pode determinar os limites impostos à utilização de personagens anormais no palco."
quarta-feira, setembro 22
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